A Biblioteca Municipal Dr. Fernando Nunes Barata assinala o Dia de Reis com a partilha de um texto alusivo à origem do bolo-rei

«À semelhança do que sucede com a grande parte dos costumes actuais, perde-se no tempo a verdadeira origem do bolo-rei.

Existe toda uma simbologia com mais de 2000 anos de existência em relação a este bolo, que representa os presentes, que os três Reis Magos deram ao Menino Jesus, aquando do seu nascimento: assim, a côdea simboliza o ouro; as frutas, cristalizadas e secas, representam a mirra; e o aroma do bolo assinala o incenso. O bolo, devido às frutas e à forma circular com um buraco no centro, aparenta uma coroa incrustada de pedras preciosas. Antigamente, o nosso bolo-rei continha uma fava e um brinde, hoje em desuso alegadamente por questões de segurança alimentar. A presença destes "ingredientes" têm uma explicação tradicional.

Segundo a lenda, quando os Reis Magos viram a estrela que anunciava o nascimento de Jesus, disputaram entre si qual dos três seria o primeiro a brindar o Menino. Para terminar a discussão, um padeiro confeccionou um bolo e escondeu no seu interior uma fava. O Rei Mago a quem calhasse a fava seria o primeiro a entregar o presente.

Na Roma Antiga, durante as festas pagãs a Saturno, havia o hábito de eleger o rei da festa durante os banquetes festivos, o que era feito tirando à sorte com favas, sendo, por isso, também designado de rei da fava.

Até há bem pouco tempo, ditava a tradição que quem recebesse a fatia com a fava, teria de oferecer o Bolo-rei no ano seguinte. A fava, amaldiçoada pelos sacerdotes Egípcios que a viam como alojamento para os espíritos, é considerado um elemento negativo, representando uma espécie de azar.

O brinde era colocado no bolo como forma de presente. Havia quem colocasse nos bolos pequenas adivinhas, cuja recompensa seria meia libra de ouro para quem adivinhasse o enigma. Outros incluíam propositadamente as moedas de ouro na massa, como forma de agradecimento. Com o passar do tempo o brinde passou a ser um pequeno objecto metálico de valor apenas simbólico e mais tarde, com as regras comunitárias, tanto o brinde como a fava acabaram por ser interditados.

O bolo-rei terá surgido em França no reinado do rei-sol, Luís XIV, e era “presença habitual” nas festas do Ano Novo e do Dia de Reis, segundo o testemunho de alguns escritores como Madame Françoise de Mottevile e Saint Simon. O pintor Jean-Baptiste Greuze, celebrizou o bolo-rei num famoso quadro, com o nome de "Gâteau des Rois". Com a Revolução Francesa o bolo-rei foi proibido em virtude da sua alusão à figura real. Os pasteleiros em vez de acabarem com o bolo resolveram continuar a confeccioná-lo e passaram a chamar-lhe Gâteau des Sans-cullotes. Sans-culottes foi a denominação dada pelos aristocratas aos artesãos, trabalhadores e até pequenos proprietários, que participaram na Revolução. Cullotte era uma espécie de calção justo que se apertava à altura dos joelhos, peça de roupa típica da nobreza. Já os "sans-culottes" vestiam calças compridas de algodão grosseiro. Estes eram, normalmente, os líderes das manifestações nas ruas.

O bolo-rei português tem origens francesas, apesar do bolo popularizado em Portugal no século XIX nada ter a ver com o existente na maior parte das províncias francesas a norte do rio Loire, na região de Paris, onde o bolo é uma rodela de massa folhada recheada de um creme designado Galette des Rois. O bolo-rei que se passa a confeccionar em Portugal a partir dos anos 70 do século XIX, segue a receita do sul do Loire, um bolo em forma de coroa feito de massa lêveda. Foi a Confeitaria Nacional a primeira casa que em Portugal produziu e vendeu o bolo-rei cerca de 1870. Este bolo era feito pelo afamado confeiteiro Gregório através duma receita que Baltazar Castanheiro Júnior (filho do fundador da Confeitaria) trouxera de França.

No Porto foi posto à venda pela primeira vez em 1890 por iniciativa da Confeitaria Cascais, feito segundo receita que o proprietário Francisco Júlio Cascais trouxera de Paris. Assim o Bolo-Rei atravessou com êxito os reinados da rainha D. Maria II e dos reis D. Pedro, D. Luis, D. Carlos e D. Manuel II. Com a proclamação da República em 5 de Outubro de 1910 chegaram a Portugal os maus tempos para o Bolo-Rei.

Com implantação da República, o bolo-rei ficou em risco por conter a palavra "rei" no nome.

Mesmo assim, os confeiteiros e pasteleiros decidiram continuar a confeccionar o bolo sob outras designações: "Bolo-presidente", "bolo-Arriaga", "Ex-bolo-rei" ou "bolo de Ano Novo". No entanto, a população continuou a designar o bolo pelo nome de bolo-rei, até hoje.

Daqui, com algumas adaptações: https://omelhordeportugalestaaqui.blogspot.com/2011/01/conhece-origem-do-bolo-que-tem-na-mesa.html?fbclid=IwAR3qECOcC22vOHvcCjFpLq8bpEdjOvGzNe-wf9Lvx2F_5yHBWr93r3NttOc

Receita do bolo-rei - http://mym-pt.blogspot.com/search/label/rec.%20-%20Bolo-rei»

 

Fonte: https://www.facebook.com/ParaPortuguesLer

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